quarta-feira, 7 de maio de 2008

O Papel do Treinamento na Prevenção de Acidentes

O treinamento operacional dos trabalhadores vai muito alem de simplesmente cumprir uma obrigação legal, ele é fundamental para atingir os niveis de produtividade, garantir a qualidade, preservar o empregado e manter o investimento do empregador.
Já foi o tempo que se utilizava mão-de-obra desqualificada para operar máquinas, atualmente as máquinas são altamente complexas e sua operação depende de um nível mínimo de conhecimento e habilidades produzir com qualidade e segurança. Os gerentes e diretores devem ficar atentos e manter seus subordinados focados em segurança e isto somente é possível realizando investimentos em tecnologia e fundamentalmente em treinamento, pois de nada adianta adquirir máquinas e sistemas seguros se eles não forem verificados e mantidos em funcionamento, temos como exemplo as aéronaves, consideradas como os mais seguros meios de transporte, elas passam por verificações constantes de seus itens de segurança, alem de uma manutenção preventiva atuante e sistematizada.
Leonardo Andrade do Nascimento.

Válvula Hidráulica de Segurança e Bloco Hidráulico de Segurança

Bloco de Segurança Bosch Rexroth tipo “N” para prensas hidráulicas .

O bloco manifold de segurança Bosch Rexroth tipo N com válvulas importadas da Matriz localizada na Alemanha é o mesmo utilizado e aprovado na Comunidade Européia.
Este bloco foi desenvolvido para atender as exigências com relação à segurança em prensas hidráulicas - EN 693 e em atendimento as normas EN 954 / NBR 14153, possuindo redundância de comandos e monitoramentos.
Aplica-se em prensas hidráulicas desprovidas de sistema de segurança normalizado, com o objetivo de regularizar suas condições de operação segura.

Componentes do bloco de segurança Bosch Rexroth:

· Duas válvulas direcionais
4WE6U10B62/EG24K4QM0G24 marca Bosch Rexroth com acionamento elétrico de 24VCC e monitoradas por sensor indutivo tipo QM (Válvulas A, B).
· Válvula de segurança mecânica DBDS10K18/315 marca Bosch Rexroth que evita a multiplicação de pressão no cilindro hidráulico (Válvula C).

Características:

O bloco manifold de segurança tipo N é instalado como um complemento do sistema hidráulico existente em prensas já existentes e sem sistema hidráulico de segurança, este bloco deve ser controlada e monitorada por CLP de segurança ou lógica equivalente. Esta lógica de comando elétrico deve testar os sensores de monitoramento das válvulas hidráulicas a cada ciclo, garantindo que todos os sensores estejam ligando e desligando conforme comandos do ciclo de trabalho, inclusive os redundantes de forma separada e independente.
Se em um determinado ciclo algum dos sensores das válvulas não responder adequadamente, permanecendo ligados ou desligados (indicação de defeito), a lógica elétrica deverá interromper o trabalho da máquina e entrar em modo de emergência, pois com um só comando, sem a redundância a máquina não pode funcionar.

Atendimento as Exigência da EN 693:

· Possuir válvulas de segurança específicas independentes do comando da prensa e com a garantia de que por qualquer anormalidade ocorra à interrupção imediata do movimento do cilindro. O bloco de segurança tipo “N” é instalado como bloqueador do pistão hidráulico e no caso de anormalidade no comando hidráulico da prensa não haverá qualquer prejuízo no funcionamento do bloco de segurança instalado independentemente.
· Evitar movimentos de fechamento perigoso da prensa como resultado de acionamentos acidentais ou por ação da gravidade. O bloco de segurança tipo “N” só permite o fechamento da prensa quando todas as condições de segurança forem atingidas e o fechamento liberado por comando elétrico duplo para as duas válvulas “A” e “B”.
· Ter ao menos dois componentes independentemente controlados e monitorados, estando ligado um após o outro em série para termos redundância. No bloco de segurança tipo “N” as válvulas “A” e “B” tem as mesmas funções e são dispostas em série, garantindo a redundância entre elas. Suas posições são monitoradas por contatos reversíveis, permitindo ao CLP de segurança ou comando similar detectar qualquer eventual situação de risco e no caso interromper imediatamente o funcionamento da prensa.
· Na posição neutra (desligado) impedir a pressurização na área do pistão do cilindro. No bloco de segurança tipo “N” as válvulas “A” e “B” possuem linhas de despressurização da área do pistão do cilindro, sendo que quaisquer umas das duas independentemente despressurizam a área do pistão. Para pressurizar a área do pistão do cilindro será necessário que as duas válvulas sejam acionadas. Suas posições acionada ou desacionada, são monitoradas pelo comando elétrico de segurança.
· Monitorar a posição do embolo das válvulas de segurança. As válvulas “A” e “B” tem seus êmbolos monitorados por contatos reversíveis, tanto na condição acionada quanto na posição desacionada.
· Proteger o sistema contra multiplicação de pressão no lado anular do cilindro. Em caso de descontrole com sobre-pressão no lado anular do cilindro a válvula “C” faz alívio de pressão. A válvula “C” é ajustada para 20% acima da pressão de trabalho normal.

Os componentes do bloco de segurança tipo “N” possuem boa acessibilidade e suas posições estão identificadas.
Para o cilindro se movimentar sempre será necessário o acionamento das duas válvulas direcionais elétricas do bloco de segurança. Em razão da redundância das válvulas, se apenas uma válvula direcional for acionada o cilindro não se movimentará.

O bloco de sergurança por si so não confere a máquina a segurança exigida na NT16/05, também são necessários equipamentos como cortina de luz, bi-manual, emergencia, calço de segurança, contatores de segurança inclusive no motor, monitor do curso do martelo e fundamentalmente um CLP ou CONTROLADOR DE SEGURANÇA capaz de cumprir as exigencias da EN693.

Fonte: Rexroth e Hidrosistemas

Adaptação: Leonardo A. do Nascimento

Cachoeirinha, 07 de maio de 2008



Proteção de Máquinas - Injetoras

PROTEÇÃO DE MÁQUINAS - INJETORAS DE PLASTICO

Cachoeirinha, fevereiro de 2007

Perigo extremo:

Após a expansão da automação nas grandes fábricas subiram em larga escala os acidentes com máquinas automatizadas. As injetoras são grandes responsáveis por acidentes graves desde amputações até mortes, muitos deles por descuido, imperícia, burla dos dispositivos de segurança, mas a grande maioria, ocorre por ausência de sistemas de segurança e falta de manutenção nos equipamentos existentes.
As injetoras são máquinas extremamente perigosas, talvez até mais do que as prensas. Seu princípio de funcionamento é o de uma prensa hidráulica horizontal com o agravante de possuir um sistema de injeção de matéria- prima quente em alta pressão. Os europeus são fornecedores tradicionais deste tipo de equipamento, mas já são fabricadas no mundo todo, inclusive no Brasil e na Ásia. Embora a normas mais conhecidas EN 201/1985 e ANSI/SPI B151.1/1972 já exijam inúmeros sistemas de segurança, nem todas as máquinas atendem a todos os requisitos, sem falar na tecnologia descrita nas normas que já está ultrapassada.
O Brasil possui uma norma específica que é a NBR 13536:1995, nela são detalhados e ilustrados inúmeros sistemas de segurança que minimizam os riscos de acidentes em injetoras, mas a norma é desconhecida pela maioria dos empregadores. Alguns fabricantes também não conhecem o conteúdo na íntegra, o que significa que estamos comprando máquinas sem a segurança exigida pelo Ministério do Trabalho. Já são vários os fabricantes de máquinas autuados por fabricarem equipamentos sem o atendimento de todas as normativas de segurança, os auditores fiscais do trabalho estão sendo bastante rigorosos com quem fabrica equipamentos que podem mutilar e até matar trabalhadores.


EXIGÊNCIAS:

Atualmente, as exigências da NT 16/2005 (Prensas e Similares) já começam a ser incorporadas às injetoras visto que em virtude de sua atualidade, ela traz o que existe de mais atual em tecnologia para segurança. É importante checar se as máquinas adquiridas possuem todas as proteções, conforme a NBR 13536:1995, mas alguns itens como, por exemplo, sistema de emergência, deve estar de acordo com a NT 16/2005, visto que nesta norma está explícito a necessidade de categoria de segurança 4. Isto quer dizer redundância e autoteste desde os botões, passando pelo relé de segurança (ou CLP de segurança) até as duas contatoras de ação positiva. Sem este conjunto de equipamentos não está assegurada a segurança total em categoria 4.
Fazendo uma simples analogia do riscos encontrados em uma injetora pode-se verificar que elas realmente representam riscos alarmantes se não possuírem sistemas de segurança, pois, na grande maioria das vezes, o homem expõe ambas as mãos dentro do molde e, no caso de máquinas grandes, o tronco e, às vezes, todo o corpo do trabalhador fica exposto durante a extração da peça pronta.
O grande número de normas e a interpretação delas gera um grande agravante que dificulta o entendimento entre fabricantes de máquinas, empregadores, auditores fiscais e sindicato. No Estado de São Paulo já existe uma convenção coletiva o PPRI, (Programa de Prevenção de Riscos em Injetoras) que é um grande avanço no entendimento e cumprimento da legislação e metas de redução de acidentes, onde as descrições dos níveis de segurança requeridos estão bastante claros. Entretanto, esta convenção ainda deixa brechas, visto que não especifica as formas de monitorar os sensores, não informa da obrigatoriedade do uso de CLP de seguranca ou relés de segurança para garantir o funcionamento dos sensores instalados nas proteções.


CAPACITAÇÃO:

Existem vários sistemas de segurança que podem ser utilizados nestes equipamentos. Atualmente, as tecnologias de produtos estão altamente avançadas e, com a globalização, os equipamentos fabricados na Europa, Estados Unidos e Ásia chegam ao Brasil em questão de semanas o que facilita muito o acesso a estas inovações tecnológicas. Entretanto, chamamos a atenção para o correto uso e aplicação destes equipamentos que devem ser usados por profissionais experientes e capacitados em Automação Industrial, hidráulica, pneumática e Normas ABNT.
Todas as pessoas da cadeia de instalação de segurança devem ser capacitadas, desde o vendedor técnico, passando pelo projetista, o responsável técnico até o eletricista e o serralheiro/mecânico, visto que estas pessoas devem saber exatamente o que estão fazendo, pois do trabalho delas depende a segurança de todos operadores e manutentores que vão trabalhar com a injetora.
Para elaboração de um projeto de segurança é necessário conhecimento das normativas brasileiras e européias pois todos equipamentos são certificados fora do Brasil. As empresas de engenharia de automação devem obrigatoriamene estudar a fundo a aplicação do produto de segurança corretamente, pois, podem gerar um expectativa de segurança no operador que causará uma exposição maior ainda ao risco. É extremamente importante que após a adequação das máquinas sejam gerados vários documentos do sistema instalado. Um deles é o Memorial Descritivo, com documento com fotos e a descrição de todo o funcionamento dos equipamentos de segurança, incluindo falhas e sinalizações. Outro refere-se à ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), que deve ser emitida por um engenheiro habilitado a verificar o funcionamento da máquina, preferencialmente, um engenheiro de Segurança para avaliar as normas. Entre os demais documentos está o Relatório de Testes e Validação que reúne todos os testes realizados no equipamento para simular as falhas e os bloqueios de segurança e deve estar assinado pelo engenheiro responsável da empresa, o responsável pela instalação e o engenheiro responsável técnico pela obra/instalação. O Plano de verificação diária que é o documento contendo as instruções para os operadores realizarem verificações antes do início do seu turno de trabalho e a Planilha de registro das verificações que é o documento com os itens a verificar, a data e o número do operador que realizou a verificação também fazem parte dos registros importantes. Por fim é importante ainda Plano de manutenção preventiva, Registro das manutenções realizadas e Plano de treinamento operacional, documento com itens a serem passados para os operadores, preparadores e manutentores, contendo todo o funcionamento da máquina, procedimento de troca de ferramentas e itens de segurança, e deve ser realizado sempre que se coloca um novo operador na máquina e ter o registro da sua realização.

AUTOMOTIVO:

As Injetoras estão presentes nos mais variados setores produtivos. Em todo lugar temos produtos à base de plástico e atrás deles tem uma máquina de injeção, portanto, temos desde pequenos equipamentos dedicados a utensílios domésticos até grandes equipamentos usados na indústria automotiva e agronegócio. Isto dificulta muito a proteção dos equipamentos, pois as pequenas fábricas responsáveis pela grande maioria dos empregos não possuem investimento para adequar e tornar seus equipamentos seguros e atualizados tecnologicamente. Contudo, o setor automotivo é responsável pela revolução tenológica da automação e da segurança de máquinas. Suas plantas recebem, constantemente, equipamentos novos e estes, usualmente, já vem com a segurança incorporada. Todavia, é importante a fiscalização do comprador, pois nela estará garantida a tranqüilidade de realmente comprar um equipamento seguro e produtivo.


ATUALIZAÇÃO:

O empresariado e seus prepostos devem estar atentos às máquinas já instaladas em suas plantas, visto que a NR-12 exige que as máquinas sejam seguras e, caso as normas mudem, as empresas devem assegurar que as suas máquinas sejam atualizadas. Isto nem sempre acontece, na maioria das vezes, por desconhecimento, mas a fiscalização vem sendo expandida neste sentido e as empresas devem efetuar um planejamento, caso não queiram possuir acidentes em seus históricos, nem paralizações por embargos da DRT (Delegacia Regional do Trabalho). Para isso, precisam buscar profissionais que realmente entendam do assunto e possam adequar suas máquinas com o mínimo de impacto à sua produtividade.
A grande novidade no marcado são as injetoras asiáticas que custam um preço espantosamente reduzido, chegando a custar, às vezes, um terço do preço das máquinas brasileiras, italianas e alemãs. Entretanto, estas máquinas, na grande maioria, não possuem os itens básicos de segurança ou, eles são cópias dos europeus mas sem certificação nenhuma, o que não é aceito pelos auditores fiscais do Ministério do Trabalho.
As empresas devem estar atentas pois a NR-12 exige que o importador ou fabricante extrangeiro fabrique máquinas, conforme a nossa legislação, ou seja de acordo com as NRs e NBRs. Quando alguém importar uma injetora deve verificar se ela está em conformidade com a NBR 13536:1995. Se não estiver deverá contratar uma empresa ou profissional especilizado e adequá-la antes mesmo de ligar o equipamento, caso contrario, estará infringindo os termos da NR12, sendo passivo de multa pelo MTE.


FISCALIZAÇÃO:

Os fiscais do MTE têm um papel bastante importante na manutenção e implementação dos sistemas de segurança das injetoras. Os novos fiscais vêm sendo preparados pelos seus colegas com mais conhecimento e experiência e muitos deles vêm buscando este conhecimento em simpósios e seminários, o que garante ao trabalhador mais segurança no seu local de trabalho.
Os grupos de estudo relacionados à proteção de máquinas são de grande importância para o desenvolvimento de materiais orientativos e desenvolvimeto de normas focadas nos problemas de segurança, o PPRPS e a NT16/2005 são exemplos vivos destes grupos. Atualmente, a FIERGS através do GEAT (Grupo de Estudos do Ambiente do Trabalho), lançou o Manual de Prensas e Similares, trabalho realizado ao longo de um ano visando esclarecer todos os conceitos da NT 16/2005 com ilustrações de boas práticas e um conteúdo altamente acessível desde o operador até a diretoria das empresas. O trabalho foi realizado por um grupo multidisciplinar (Grupo de Prensas) e contou com a participação do MTE, engenheiros, médicos, advogados, técnicos e representantes do Sindicato dos Trabalhadores de Caxias do Sul. Iniciativas deste tipo devem ser incentivadas e divulgadas, pois os profissionais que formam estes grupos têm vivência de chão de fábrica e conhecimento técnico para criar soluções criativas e viáveis para proteger trabalhadores e reduzir o número crescente de acidentes.


Autor:

Leonardo Andrade do Nascimento

Bibliografia:

NBR 13536:1995 (ABNT)
Grupo de Prensas / Fiergs:2006
PPRPS (São Paulo, 29 de novembro de 2002)
Arquivo pessoal de Leonardo A. do Nascimento
www.fundacentro.gov.br
NT16/2005 (MTE)